Escolha seu vinho conhecendo melhor suas características

A melhor forma de escolher o seu vinho é conhecendo melhor suas características. Aqui, tentaremos simplificar seu entendimento e facilitar suas futuras escolhas. 

Características do vinho

Qual vinho faz seu tipo?

Para cada pessoa, um tipo de vinho. Acredite, existem tipos suficientes para encantar até os mais céticos. Além das variáveis principais (tinto, branco, rosado, espumante, fortificado), há milhares de uvas distintas, das mais conhecidas como Cabernet Sauvignon e Merlot às mais exóticas, em nome ou sabor como a Catarrato, Teroldego Rotaliano, centenas de regiões, sub regiões, micro regiões, regiões novas inusitadas (como a China), diversas maneiras e técnicas de vinificação, centenas de leveduras, milhares de cortes ou assemblages, milhões de produtores.

Em meio a tanta oferta, como saber quais vinhos comprar?

Provando, obviamente. É esta a melhor e mais infalível técnica. Mas, se você quer ter um pouco mais de segurança na hora de escolher seus vinhos, saber um pouco mais sobre seus sabores e conhecer suas características pode ajudar bastante. Abaixo, algumas das principais características para guiá-lo.

Acidez

Boca cheia de água

A acidez dos vinhos é bastante diferente daquela do vinagre ou limão. Bem mais comportada, ela não vai obrigar ninguém a fazer cara feia. Ainda assim vinhos ácidos são feitos para quem gosta de acidez. 

É importante entender que a acidez faz parte do vinho assim como a coluna vertebral faz parte do corpo. Sem ela o vinho fica chato, enjoativo. O termo usado para os vinhos sem acidez não podia ser melhor. Chato, sem graça e sem companhia, já que um vinho sem acidez não harmoniza com comida. Caso você não goste de acidez, escolha vinhos de regiões quentes preferencialmente sobre regiões frias.  Se gosta, opte por vinhos brancos, espumantes, vinhos de regiões mais frias e safras mais recentes. Eles vão encher sua boca de água.

Saiba também que as castas escolhidas farão diferença, já que algumas resultam em vinhos mais ácidos e cítricos que outras.

Acidez no vinho
Algumas das frutas que servem de referencia para a acidez dos vinhos brancos

 

Acidez no vinho
Algumas das frutas que servem de referencia para a acidez dos vinhos tintos

Taninos

Amarguinho, língua seca

Se a acidez é a coluna vertebral do vinho, os taninos são seus músculos. E músculos são necessários para o corpo. Nosso e do vinho.

Ao contrário da acidez, a presença de taninos está nos vinhos tintos de forma muito mais presente que nos brancos. A razão disso é que tanino é uma substância presente nas partes lenhosas do cacho da uva, na casca e nas sementes. Uma vez que o vinho tinto é fermentado com as cascas das uvas, ele adquire muito mais taninos que o branco.

Vinhos tânicos são para quem gosta de potência, corpo, estrutura! Porém o nível e tipo de tanicidade pode variar imensamente a depender da uva, região, método de vinificação e uma série de outros fatores. Músculos, todos tem, mas uns tem mais que outros. 

Alguns taninos são “arredondados”, suaves e bem trabalhados, outros são “ásperos”, mais agressivos, mas não obrigatoriamente desequilibrados. O que não pode é deixar de ter tanino. Sem ele o vinho fica murcho e fraco, dando destaque excessivo para outras características como fruta ou acidez.

Vinhos com taninos mais presentes são perfeitos para harmonizar com carnes vermelhas mal passadas. A sensação de boca seca e áspera que eles trazem equilibra perfeitamente com os sucos da carne.

Taninos
sensação táctil dos taninos na língua

Doçura

A vida é um doce

O sabor doce é muito caro aos seres humanos. Significou uma rara e rápida fonte de energia para o homem primitivo. É fácil gostar do sabor doce, que estimula o calor, alguns hormônios da felicidade, a satisfação e fornece energia.

Porém, no vinho, a doçura precisa estar equilibrada, especialmente em relação à acidez. Vinhos excessivamente doces são enjoativos e de difícil harmonização.

Existem diferentes níveis de açúcar – ou açúcares nos vinhos. A legislação brasileira especifica vinhos secos, meio secos e suaves, conforme seu teor. Não se deixe enganar, pois assim como o álcool pode trazer a sensação de doçura, outros fatores podem também influenciar. Por vezes um vinho cuja inscrição consta como “meio-seco” pode parecer menos doce do que de fato é, ou, o contrário, um vinho “seco” pode parecer suave.

Classificação de dulçor pela legislação brasileira em gramas de glicose por litro:

Doçura no vinho
classificação segundo o teor de açúcar nos vinhos

 

Doçura no vinho
classificação segundo o teor de açúcar nos espumantes

Leia sempre a indicação no rótulo, mas fie-se mais na sua própria percepção. Para saber mais sobre os níveis de açúcar e sua complicada classificação: https://blog.casadovinho.com.br/a-complicada-classificacao-dos-vinhos-por-acucar-residual/.

Frutado

Olha a fruta!

É muito comum atribuir a um aroma do vinho o mesmo de alguma fruta. Isso não significa que um vinho com aroma de morango tenha em sua composição morangos, e deixando bem claro, não tem! Diferente do que acontece nas cervejas, nos vinhos é proibido acrescentar frutas em sua composição. Os aromas do vinho se devem a interações entre compostos aromáticos, que unem-se formando os aromas que descrevemos como pertencentes a um grupo que tenha os mesmos ou parecidos compostos aromáticos. Para melhor entendimento dizemos “morango” ao invés de “etanoato de isobutila”.

Um universo inteiro de aromas está à disposição de quem fareja vinhos. Além dos aromas de frutas, há centenas de outros, indo desde os mais simples e primários, como o aroma de uva até os mais complexos e terciários, como couro.

Aprender a apreciar os aromas, identificá-los ou regozijar-se diante deles é uma tarefa difícil e demorada, mas muito prazerosa. Para saber mais sobre a química dos aromas e suas classificações, não deixe de ler: https://blog.casadovinho.com.br/quimica-a-magica-dos-aromas-dos-vinhos/#more-6865  

Todos os vinhos são aromáticos, então essa é a escolha mais simples dentre as inúmeras possibilidades. 

Fruta nos vinhos
as castas e seus sabores frutados

Corpo

O gordo e o magro

Chamar um vinho de gordo não é ofensa. Na realidade alguns vinhos são tão encorpados que poderiam ser chamados de obesos como um elogio.

Aquilo que forma o corpo de um vinho e sua definição é: a água, que vem na maior proporção; os açúcares; álcoois; acidez e demais componentes, além de extratos naturais. Um vinho branco é naturalmente mais magro ou menos encorpado que um tinto pois a quantidade de extrato é menor. No tinto há a passagem dos extratos das cascas da uva, bem como taninos, que reforçam seu corpo.

A sensação de preenchimento da boca é um bom índice de “tamanho” do vinho. Vinhos mais alcoólicos como o Porto tendem a preencher a boca toda.

Corpo todo vinho tem, agora resta saber qual é seu tipo favorito. 

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