A complicada classificação dos vinhos por açúcar residual

Você conhece os termos Vinho Doce, Seco, Suave, Demi-sec e Brut. Mas o que isso significa, na verdade?

Uvas maduras são ricas em carboidratos. Grande parte da sua composição corresponde aos açúcares glicose e frutose. Estes açúcares são transformados em álcool no processo de fermentação e o que não foi fermentado, e consequentemente não se transformou em álcool, é chamado de açúcar residual.

Açúcares residuais podem existir até mesmo em vinhos secos, em pequenas quantidades que passam completamente despercebidas ao paladar.

Será a quantidade de açúcar residual que irá definir se um vinho é seco, meio-seco ou doce.  Porém a classificação é muito mais simplificada que as sensações de doçura, já que na tabela brasileira de classificação um vinho vai ser considerado meio-seco se tiver de 4 a 25 g de glicose por litro! Essa é uma variação grande para a percepção do açúcar no paladar, embora se encaixe dentro de uma mesma classificação.

Independentemente de como são rotulados os vinhos na sua origem, ao chegar ao Brasil eles precisam respeitar a classificação brasileira.

Sim, é confuso. Você pode beber um vinho descrito como “seco” na Itália e ele “virar” meio-seco no Brasil. Isso dá um imenso nó na cabeça, então vamos tentar facilitar o seu entendimento:

Os vinhos secos no Brasil podem ter até 4 g/l.

Os demi-sec ou meio-secos vão de mais que 4 a 25g/l

Os vinhos doces podem variar de 25 a 80g/l.

Para os espumantes vale a classificação:

Nature até 3g/l; Extra-brut  superior a 3 e até 8g/l. Brut  superior a 8 e até 15g/l. Sec ou Seco mais de 15 até 20g/l; Demi-sec, Meio-seco ou Meio-doce superior a vinte e até 60g/l ou Doce acima de 60g/l.

Conseguiu entender até aqui? Então vamos complicar mais um pouquinho.

O paladar pode entender um vinho muito frutado como “doce” ou “meio-seco” ainda que ele seja seco. É o que chamamos de falsa sensação de doçura. Essa impressão também pode ser causada por vinhos secos de baixa acidez e até vinhos de um amadeirado muito intenso. Isso tudo porque sentimos os aromas doces desses vinhos. E o sabor é a mistura do olfato com o gosto, portanto o que seu nariz entende como doce pode parecer doce na sua boca, ainda que a verdade seja diferente.

Mas, mas… como é que eu posso saber se um vinho seco é realmente seco e o doce realmente doce?

Você pode perguntar para um sommelier de confiança. E ainda assim pode haver diferenças de percepção já que o paladar é pessoal e intransferível e a forma como sentimos a sensação de doçura (e as outras sensações), também. Então o ideal mesmo é provar. O que não é exatamente nenhum sacrifício…