Uva Malbec, muito além da Argentina: Cahors, França

Sem dúvida alguma é a uva mais importante e mais plantada da Argentina. É tão forte a associação da mesma com o país, que muitos imaginam que seja lá também sua origem. Porém esta emblemática casta tem origem na França, mais especificamente em Cahors.

Cahors é uma região no sudoeste francês próximo a Toulouse, a aproximadamente 200 km de Bordeaux. No século XIX era grande região produtora chegando a ter 58 mil hectares de área dedicadas às vinhas. Mas ainda no final do século, após o ataque da filexara, restaram apenas 4.200 ha. As vinhas de Malbec reagiram muito mal à praga. Os vinhedos foram replantados, mas só no final dos anos 1940 que se chegou a um clone que teve boa aceitação. Até então eram produzidos ali vinhos medíocres. A partir de então, viveu um período de ascendência e em 1971 Cahors foi declarada AOC (Appellation d’Origine Contrôlée), a denominação de origem controlada.

A uva foi descoberta por um húngaro chamado Malbeck, daí a origem do nome. Os vinhos provenientes desta uva são muito escuros, possuem delicioso frescor, taninos vivos, boa acidez e bom potencial de guarda. São elegantemente frutados com toques florais (violeta) e de especiarias. Dependendo do estágio em barricas, notas de couro e toques terrosos com o passar dos anos. A legislação local permite que se faça um corte da Malbec com até 30% de Merlot e/ou Tannat, obedecendo sempre um mínimo de 70% de Malbec.

Na Argentina, a Malbec se adaptou muito bem e foi no século XX que o vinho lá produzido ganhou notoriedade. Muito por causa de sua ‘drinkability’ e seus taninos mais maduros, inicialmente é mais acessível aos paladares que o ‘irmão’ francês. 

A Malbec argentina fez muito sucesso e muitos outros países hoje também já cultivam a casta. Principalmente o Chile, por conta das altitudes elevadas, mas também o Brasil, Estados Unidos, Espanha entre outros são exemplos de países que tem cultivado a Malbec. Mas não é qualquer lugar que está apto à sua produção. Para conseguir extrair dela todas suas características principais. O ideal para chegar à acidez esperada, por exemplo, é ter uma boa amplitude térmica: dias mais quentes e noites mais frias como acontece em regiões de maior altitude. 

Devido às variações de terroir, podemos concluir que os resultados são bastante diferentes. Os vinhos Malbec de origem francesa tendem a ter um pouco mais de acidez, dando a eles uma boa complexidade e toques gastronômicos. Os argentinos são mais potentes, encorpados e alcoólicos. Mas a cor, sempre intensa e tendendo para o arroxeado.

Para harmonizar, uma carne vermelha sempre é bem vinda. Churrasco então…  maravilha! Quanto aos queijos, preferência para os duros. Se quiser ousar, vai bem com chocolate. Isto mesmo. Alguns vinhos secos combinam com chocolate também! 

Para aprender na prática, não deixe de provar um ótimo exemplar de Malbec francês. Para saber mais: clique aqui