Como Montar uma Confraria

Beber vinhos pode ser uma experiência incrível e ter como objetivo apenas a apreciação. Mas dificilmente um apreciador de vinhos contenta-se em ficar apenas bebendo. Trata-se de uma bebida muito antiga, entrelaçada à própria história da civilização e sinônimo de cultura. Logo, não é difícil querer saber mais e em consequência tirar o máximo de proveito da experiência.

Uma confraria de vinhos serve para suprir essa necessidade de conhecimento que move os apaixonados pela bebida. E além de somar conhecimento, divide diversão e despesas. Afinal, todo apreciador de vinhos sabe também que degustar pode custar muito dinheiro. Abaixo listamos algumas dicas para montar uma confraria com tudo o que é necessário para aprender de verdade:

1) Em primeiro lugar: Conhecimento.
Procure um profissional, seja ele sommelier, enólogo ou conhecedor sério de vinhos. Ele deve orientar sua confraria por alguns meses até que os confrades deixem de ser leigos e avancem um nível.

2) Escolha dos confrades:
Escolha-os por afinidade pessoal e diferentes pontos de vista sobre vinho (lembre-se que perspectivas diferentes sempre acrescentam). É importante também escolher pessoas que queiram de fato aprender, que tenham horários acessíveis dentro de um leque de tempo pré determinado e estejam dispostos a investir uma quantia crescente (quanto maior o nível de conhecimento e padrão gastronômicos, mais caros ficam os vinhos). Isso vai evitar dores de cabeça posteriores.

3) Regras claras:
O grupo precisa começar com regras claras para todos. Confraria é também confraternização, mas não apenas isso. Horários, investimento individual (de tempo, intelecto e cifras), número de participantes, locais dos encontros e todas as demais atividades precisam ser claras, firmes e aceitas por todos.

4) Organização:
Embora um único confrade possa cuidar de tudo é bem possível que ele sinta-se sobrecarregado bem rapidamente.
Uma melhor solução seria contratar o mesmo profissional que vai orientá-los para fazer esse papel. A desvantagem disso são os custos aumentados e a vantagem evidente é poder concentrar-se apenas no vinho. Caso deseje um meio termo que não exceda os limites de nenhum confrade, divida as tarefas entre um “setor” financeiro (custos, divisões), outro organizacional (compra dos vinhos, agendamentos) e gerencial (temas das reuniões, decisões sobre “RH”).

5) Modelo:
Decida qual será o modelo de confraria. Se deseja encontros regados à comida e vinho ou apenas vinho; feminino, masculino ou misto e se haverá um tema em comum como por exemplo a profissão dos membros do grupo. Decida por quanto tempo terão orientação profissional; se farão viagens pelas regiões produtoras; se terão página na internet e qual será o nível de intimidade entre os participantes. Há quem sinta-se mais a vontade entre amigos enquanto outros preferem ter apenas o vinho unindo-os aos confrades. Decida também se as degustações serão às cegas ou abertas. Degustações às cegas são muito mais didáticas já que não há a influência dos rótulos na avaliação. Pense também se as garrafas serão reveladas em pares ou ao final da degustação, por exemplo.

6) A compra dos vinhos:
A intenção da confraria é o vinho, então atente-se à escolha dos lugares onde pretende adquiri-los. Compre de importadoras e/ou lojas sérias. Aproveite viagens internacionais para trazer garrafas, envolva o círculo todo na procura, informe-se sobre os produtores escolhidos muito além dos sites das vinícolas e lojas.

7) A prática:
Pense e decida sobre como serão as reuniões na prática. É altamente aconselhável que se usem fichas de avaliação para cada vinho e que sejam feitas estatísticas sobre as preferências do grupo ao longo do tempo, além do detalhamento sobre a sua evolução. Existem diversos modelos de fichas de avaliação. Descubra a que se encaixa melhor ao seu grupo.

Leve em conta também as taças que serão usadas. Existem as taças modelo ISO que são as mais apropriadas. Avalie os custos, quantas taças serão necessárias e se vale a pena comprá-las. Essa decisão pode depender do local dos encontros. Poucos lugares públicos tem um número suficiente de taças ISO para comportar uma grande confraria ou um grande número de rótulos degustados.

Veja se vale a pena cada membro ter e levar para a degustação suas próprias taças. Isso costuma ser mais econômico e prático. Lembre-se também que embora a taça ISO tenha um padrão nem sempre ele é seguido à risca. Portanto todas as taças devem ser do mesmo fabricante para que nenhum vinho seja prejudicado na avaliação por conta de taças diferentes.

O número de participantes influenciará a quantidade de garrafas e os custos. O ideal é que sejam entre 10 e 12 ou os dobros desses números. Uma garrafa serve bem no módulo de degustação até 12 pessoas.

8) Teoria:
Aprender a teoria para depois colocá-la em prática é muito importante. Somente teoria ou somente prática nunca é boa ideia. O ideal é associar ambas e concentrar-se no tema que está sendo estudado, provando os vinhos daquela região, uva ou estilo.

9) Adaptação:
Nem sempre uma regra, um modelo ou qualquer outra coisa funcionam sempre. Esteja preparado para fazer alterações sempre que for necessário.

Relacionado:

Técnicas para uma boa degustação