Uvas, vinhos e vinícolas do Rio Grande do Sul, Brasil

Acabamos de fazer uma viagem ao Rio Grande do Sul com deliciosas visitas a vinícolas de Bento Gonçalves, Flores da Cunha e Pinto Bandeira.

Para começar, vamos falar resumidamente sobre a história da indústria do vinho no Brasil.

História resumida da indústria do vinho no Brasil 

Apesar dos primeiros vinhedos terem sido plantados em SP, foi no RS que o cultivo da uva para produção de vinho prosperou. A partir de 1875, inicia o crescimento da vitivinicultura gaúcha, graças à chegada da colonização italiana. Foram os italianos que trouxeram na bagagem além das cepas de uvas europeias, o hábito do consumo de vinho e o espírito vitivinícola. Ali nasceu a “indústria vinícola brasileira”. 

No início, a uva cultivada era a vitis americana Isabel (que até hoje é bastante cultivada por lá). O interesse em arrecadar impostos por parte do Estado, fez com que os agricultores se organizassem em cooperativas. O treinamento com professores experientes, enólogos e engenheiros agrônomos foi revolucionário. E, a partir de 1920, uvas do gênero vitis vinífera começaram a ser cultivadas. Seu rendimento, apesar de muito menor, justificava a qualidade, bastante superior. 

Em 1929 surgiu a Granja União que fez história na indústria vinícola brasileira. Curiosidade: boa parte dos históricos terrenos onde eram cultivadas as uvas da Granja União em Flores da Cunha foi comprados, replantados e hoje produzem as uvas da jovem e moderna vinícola Luiz Argenta.

Após o sucesso das cooperativas, os vinhos passaram a ser identificados pelo nome das castas, acompanhando uma tendência dos vinhos produzidos no novo mundo. A partir daí, houve uma entrada expressiva de empresas estrangeiras que passaram a comprar e investir no negócio.  Isto despertou os produtores familiares, que perceberam a necessidade de modernização e profissionalização dos negócios. Alguns descendentes de imigrantes italianos correram para se profissionalizar e criar suas empresas. Exemplos bem conhecidos são: Miolo, Pizzato, Valduga, Lidio Carraro entre outros. Outras surgiram puramente fruto de empreendedorismo como a Luiz Argenta. Mas todos com o mesmo sonho, conquistar o consumidor brasileiro e o cobiçado mercado internacional.

Em relação à viagem, é impressionante ver a evolução do vinho nacional. Quantas descobertas interessantes são fruto de ousadias por parte de alguns produtores! Na busca por ‘sair da caixinha’ buscando inovações, experimentando diferentes castas.  Ver qual se adapta melhor ao terroirs é fundamental e boas surpresas saíram dali. 

Alguns produtores mais autorais afirmam que a vocação de Bento Gonçalves, por exemplo, não é a conclamada Merlot, e sim algumas castas italianas como a Barbera por causa de sua acidez natural. 

Algumas castas têm sido muito exploradas por lá, como a Cabernet Franc e a Tannat (mais cultivada em Encruzilhada do Sul, mais próxima à fronteira com o Uruguai).

Os espumantes nacionais são deliciosos e já muito bem conceituados e devidamente premiados internacionalmente. Grandes espumantes têm sido produzidos por lá. Seja pelo método charmat ou o tradicional. As opções são muitas! Brut, Nature, Extra-Brut, Blanc de Blancs, Blanc de Noirs… É para se esbaldar!

Os vinhos brancos também gozam de boa reputação e já são bastante aceitos no mercado. Os destaques ficam com a clássica Chardonnay e boas descobertas como a Riesling, Gewurztraminer (aromáticos, porém mais secos que os alemães), Malvasia de Candia entre outras. 

Entre os tintos, tem para todos os gostos. E vão desde os mais potentes e madeirados aos mais ácidos e gastronômicos. O leque é grande! Entre as opções estão os clássicos Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Syrah, Tannat, os cortes clássicos e também Barbera, Teroldego, Ancelota, Nebbiolo e cortes mais inusitados. 

Muitas vinícolas são abertas à visitação e investiram muito na infraestrutura para receber os turistas. O enoturismo tem sido muito bem explorado pela maioria e algumas já contam com loja própria, espaço para degustação, passeios exclusivos pelos vinhedos, bares e restaurantes. São espaços bastante agradáveis e convidativos. 

Para os amantes do vinho, sem dúvida é uma região que merece ser visitada. E que vá preparado para comer e beber muito! 

Dicas de restaurantes para quem vai passear por lá

Região do vale dos vinhedos e arredores:

Osteria della Colombina

Pizza entre Vinhos

Vale Rústico

– Chef M Crippa

Pinto Bandeira:

Cave Geisse

Flores da Cunha:

Clô (Luiz Argenta)

Veja as fotos da viagem: muitas vinícolas, vinhos e belas paisagens