Por quê você deveria abandonar vinhos suaves?

Eu sou a Luiza, da Martini Casa do Vinho, e hoje estou aqui pra falar sobre vinhos suaves!

Primeiro porque eu acho que se você quer aprender sobre vinhos você deve parar imediatamente de tomar vinhos suaves. 

Você já viu um profissional do vinho, um grande entendedor tomar vinhos suaves ou falar sobre eles? Muitas vezes eles preferem mudar de assunto ou vão tratar esse tipo de vinho com desdém.

Isso quer dizer que o vinho suave não pode ser bom ou de qualidade?

Cuidado! Vinho bom e de qualidade são duas coisas diferentes. “Bom” está muito mais relacionado ao seu gosto pessoal, ao seu paladar, e isso é uma questão subjetiva. Gosto é gosto e não se discute. Quando a gente fala de qualidade não, aí a gente já tem parâmetros pra poder avaliar o vinho.

No Brasil, assim como em outros países os vinhos podem ser classificados como secos, meio secos ou suaves. E isso vai estar relacionado à quantidade de açúcar residual no vinho. O termo “suave” as vezes é muito confundido. Tem pessoas que usam o “suave” quando elas querem falar sobre um vinho levinho ou um vinho mais macio. O termo “suave” no mundo do vinho – prestem bem atenção! é usado para os vinhos “docinhos”, não para os vinhos leves e macios. Então aqui na loja eu sempre gosto de perguntar para os meus clientes quando eles pedem por um vinho suave: “Leve e macio ou docinho?”. São duas coisas diferentes, então cuidado com isso.

Outra coisa importante: os vinhos podem ser feitos a partir de uvas viníferas ou de uvas americanas. No primeiro caso são produzidos os vinhos FINOS de mesa. No segundo caso, os vinhos de mesa. Muita atenção! O termo “FINOS” aí faz toda a diferença nessa hora. A maioria dos vinhos suaves é produzida a partir das uvas americanas que são muito mais simples, baratas e descomplicadas pra produção. Isso quer dizer que não existem vinhos suaves feitos a partir viníferas como por exemplo uma Cabernet Sauvignon? Não. Os vinhos podem até ser produzidos a partir de uvas viníferas, mas porque é que o produtor vai depreender tanto esforço, tanto trabalho pra 

Produzir uma uva de qualidade pra fazer um vinho que não vai atender um público que exige qualidade? Não faz muito sentido.

Outro cuidado que nós temos que ter é que o açúcar muitas vezes é usado pra mascarar um desequilíbrio no vinho, por exemplo uma acidez muito alta, uma tanicidade muito agressiva, uvas que foram mal selecionadas, com gavinhas, com folhas. Então, cuidado na hora de escolher um vinho suave.

Apesar disso tudo você ainda não está convencido? Você não é obrigado a parar de beber vinhos suaves! Você só deve fazê-lo se você realmente quer aprender um pouco mais.

Mas tem um outro motivo que eu vou te dar pra dar um empurrãozinho: vinho suave não fica muito legal pra harmonizar com pratos salgados, seja no seu almoço, seja no seu jantar, seja apenas um aperitivo. O ideal nesses casos é um vinho seco.

Se eu consegui te convencer vou te dar uma dica pra não assustar e achar que vai adaptar rapidamente de um vinho docinho pra um vinho muito seco. O ideal nesses casos é a gente começar a partir de vinhos frutados. Frutado não é vinho suave, ele não tem açúcar residual, ele só vai ter uma boca mais macia, mais aveludada que dá essa sensação de dulçor, mas não tem nada a ver com açúcar residual. Começar com vinhos com acidez um pouco mais baixa, com tanicidade menos agressiva, e aí dar um passinho de cada vez até adaptar.

Se no início ainda estiver difícil lembre-se sempre de colocar alguma coisinha pra comer nem que seja um pãozinho com azeite, um queijinho, vai ajudar a ficar mais palatável pra quem não está acostumado.