O ciclo das videiras

As videiras têm um ciclo perene. No inverno são feitas as podas mais importantes de todo o ciclo. Ali são cortadas as galhas do ano anterior e escolhidas as melhores para cultivar novos brotos neste novo ciclo.  Neste período as videiras encontram-se dormentes e são apenas um tecido lenhoso. 

É nos meses de abril e maio (levando-se em conta o ciclo no hemisfério norte), com o aumento da temperatura quando o amido armazenado é convertido em açúcar e começa a se mover na videira, que aparecem os primeiros sinais de vida. Vão brotar pequenos botões, que nesta fase estão extremamente frágeis. Com seu rompimento, crescem os brotos e na primavera acontece a floração e a autopolinização. 

Daí aparecem os primeiros cachos que amadurecerão entre o meio e o final do verão. No caso das vinhas voltadas para produção de vinhos de melhor qualidade, alguns destes cachos serão podados (poda verde) para que se tenha uma maior concentração nos cachos restantes. Com as uvas atingindo a maturidade perfeita e o nível de açúcar ideal, é feita a colheita. 

No final do outono as folhas, que desde a colheita continuam fotossintetizando para acumular carboidratos para o futuro, perdem a cor e caem. As videiras tornam-se mais resistentes ao frio com o fortalecimento das raízes e troncos.  Durante o inverno toda a folhagem morre e os podadores iniciam mais uma vez seu trabalho. E é aí que o ciclo recomeça.

Fontes:

– Annual Cycle of the Grapevine – William Nail

– Discover the lifecycle of a wine Grapevine – Wine Folly

Agora algumas curiosidades sobre as vinhas:

  • As vinhas demoram até quatro anos para começarem a produzir, mas é entre o sexto e o oitavo ano que atingem uma estabilidade e passam a oferecer uvas mais saborosas;
  • As videiras são consideradas jovens até os 15 anos. Para os espanhóis, é a partir daí que começam a produzir grandes vinhos;
  • Muitas são replantadas ao atingirem 30/35 anos;
  • Vinhas velhas são aquelas com mais de 40 anos (para uvas tintas) e 25 anos (para uvas brancas).  Mas, como não existe uma lei que regulamenta o conceito da idade das vinhas, a denominação vinhas velhas vai depender muito do produtor;
  • Videiras jovens têm raízes mais superficiais, por isso são mais suscetíveis a intempéries. Absorvem mais água em caso de chuva e sofrem mais na falta dela;
  • Videiras mais velhas têm raízes mais profundas e assim controlam com mais facilidade o volume necessário de água. Além disso, alcançam nutrientes mais ricos nos subsolos de maior profundidade. Com isso ganham em complexidade e concentração de sabores;
  • Idade não é sinônimo de qualidade, mas as vinhas velhas de qualidade, em solos corretos em anos bons, podem produzir vinhos magníficos;
  • Vantagens das vinhas velhas: maturação homogênea, equilibrada. O menor rendimento gera concentração de açucares, aromas e sabores;
  • Com a idade o rendimento cai até chegarem ao ponto de não serem economicamente viáveis;
  • As vinhas raramente sobrevivem mais de 120 anos;
  • A quantidade de folhagem exposta ao sol e a proporção folha/fruto é de vital importância para uma produção de qualidade.
  • O sistema de condução, a poda e os sistemas de manejo do solo interferem na expectativa de vida da videira;
  • As vinhas velhas são mais densas e tortuosas. Demandam mais atenção, mas enriquece com o tempo;
  • Existem mais de 60 espécies de vinhas no mundo, mas para produzir vinhos de qualidade, apenas a denominada vitis vinífera.