A Casa do Vinho e a História do Vinho Importado no Brasil – Parte 1

A história da Casa do Vinho confunde-se com a própria história do vinho importado no Brasil. São mais de 60 anos de observação dos hábitos de consumo dos brasileiros. Pudemos acompanhar sua evolução e colaborar ativamente para que ela acontecesse.

Num tempo em que a internet sequer havia sido imaginada, as informações sobre vinho eram escassas e não existiam publicações especializadas, a Casa do Vinho lançou um informativo, repleto de informações úteis e confiáveis. O intuito era ajudar o enófilo na então difícil missão de entender melhor o Mundo do Vinho. Através da observação desse informativo é possível perceber claramente as mudanças de hábito e consumo que ocorreram ao longo das décadas.

Dos anos 60 até o lançamento do informativo em 1988.

 

A criação da Casa do Vinho surgiu da necessidade de ter uma loja para se vender os vinhos que já começavam a tomar espaço na Padaria e Confeitaria Martini. Armando, filho de Arthur Martni, dono da Padaria e quem começou a trazer vinhos importados para Belo Horizonte, inaugurou a Casa do Vinho em 1969.

Começaram então as viagens em busca de bons rótulos e para se conhecer e estudar as regiões. Primeiro foi a França – país já consagrado –  e Alemanha, de onde vieram os Liebfraumilch, vinhos largamente consumidos e a porta de entrada para os vinhos estrangeiros no Brasil. Graças à importação direta e livre de intermediários foi possível trazer vinhos europeus por um preço melhor.

Nessa época também se começou a investir em viagens para a Itália e os primeiros rótulos italianos de importação própria foram trazidos. Foi necessário incentivar e instigar o público para o consumo de vinhos italianos em uma época em que se ouvia falar apenas em Bordeaux, Borgonha e Alemanha.

Vera Martini – esposa de Armando – sentindo a necessidade urgente de informar os clientes, teve a ideia de lançar um impresso sobre vinho. Nascia o Expert, no primeiro de maio de 1988. A primeira edição do jornal comemorava o aniversário de 17 anos da Casa do Vinho. Todo o conhecimento adquirido ao longo dessas quase duas décadas precisava ser compartilhado e o impresso foi o meio mais eficaz de fazê-lo.

Vera buscou e traduziu informações sobre o então famoso vinho alemão. Já na primeira edição do impresso foram passadas informações detalhadas sobre as uvas, classificação e leitura dos rótulos alemães. Informações essas que eram até então um luxo restrito àqueles que podiam viajar e degustar in loco.

As edições eram bimestrais e foram se diversificando ao longo do tempo. Nota-se que os anúncios sobre os vinhos importados remetiam sempre às regiões.

“Vinho francês Beaujolais”, “Champagne francês”. O beabá do vinho estava sendo ensinado aos novos consumidores, que estavam ávidos por entender o vinho.

A cada nova edição surgia um tema como Porto, Champagne, Degustação, Vinho francês, Itália. Aos poucos os interessados iam aprendendo sobre vinho e abandonando os alemães doces e simples para apreciar vinhos mais complexos e interessantes.

  

Antigas garrafas de vinho do Porto. A de baixo contém uma caixa de música que ainda toca Abril em Portugal.

(segunda parte na próxima semana)