Muitos ainda confundem o nome com a origem de produção. O Porto também é território de vinho, porém de armazenamento de comercialização. Por muito tempo as companhias produtoras de Vinho do Porto tinham que ser sediadas em Vila Nova de Gaia. Apenas em 1986 foi autorizada a comercialização direta a partir do Douro. Assim, o envelhecimento pode acontecer em Vila Nova de Gaia ou no Douro. O Porto, na realidade, é o local de escoamento do Vinho do Porto para o mundo, já que o cultivo e a produção acontecem no Douro.
Originalmente, e durante séculos, os vinhos eram levados ao Porto em barcos chamados Rabelos. O rio Douro passou por algumas transformações para que fosse navegável e foi responsável por inúmeros naufrágios. Trens e caminhões tanque assumiram a tarefa do transporte em 1964.
A qualidade do Vinho do Porto está intimamente ligada ao grau de maturação das uvas. Estas necessitam ser mais maduras para tingirem elevados teores de açúcar, taninos e compostos associados à cor. Para os brancos busca-se maior concentração de compostos aromáticos e acidez. Assim sendo, as uvas brancas são colhidas antes das tintas.
A elaboração tradicional dos Vinhos do Porto é feita com pisa de pé em lagares de pedra. A mais moderna usa da tecnologia de lagares robóticos que imitam o processo da pisa de pé.
O vinho do Porto é diferente dos vinhos de mesa porque durante o processo de fermentação é acrescentada aguardente vínica*. A proporção mais frequente é de uma parte de aguardente para quatro partes de mosto-vinho. Este processo vai interromper a fermentação antes que todo o açúcar do mosto tenha sido transformado em álcool. Por isso os Porto são mais doces e alcoólicos que os vinhos tradicionais. Seu teor alcóolico varia de 19 e 22%.
Existem diferentes tipos de Vinho do Porto
O Porto branco é feito exclusivamente de uvas brancas, pode ser produzido com ou sem contato com as cascas e pode ser extra-seco, seco, meio-seco, doce, muito doce ou lácrima. Os mais complexos envelhecem em madeira, são eles o Reserva e os com indicação de idade 10,20,030 ou 40 anos). O mais seco é muito usado em drinks. O mais conhecido é o Porto Tonic, feito com Porto, água tônica, limão e bastante gelo. São excelentes aperitivos.
O Porto Tawny é aquele de coloração mais alaranjada, cor de tijolo. Sua cor é assim porque ele é mais oxidado. Um Tawny passa no mínimo três anos em barris de carvalho, de aproximadamente 600 litros. Sua complexidade aromática, acidez mais presente e boca delicada (menos encorpados e mais macios) são consequências da oxidação prolongada. Alguns têm indicação de idade (10, 20, 30 ou 40 anos) com aromas mais intensos de frutas secas e notas de caramelo e especiarias. Os Colheita são feitos a partir de uma única safra e envelhecido por sete anos, apesar de serem engarrafados muitos anos depois deste período. Os Tawny são excelentes aperitivos, mas os mais velhos são ótimos digestivos.
O Porto rosé é uma criação mais recente. São doces, untuosos, frutados e fáceis. Ótimos para serem tomados mais gelados, também ficam deliciosos em drinks.
Os mais conhecidos são os Ruby. Estes são os de coloração mais intensa, pois são menos oxidados, aromas mais exuberantes, mais encorpados e adstringentes. Envelhecem de 3 a 6 anos em grandes (+ de 20.000 litros) toneis de carvalho. Os jovens foram feitos para serem consumidos assim que engarrafados. O Reserva é um vinho de lote, tem maior concentração de cor, aromas e corpo.
O LBV é originalmente um Vintage que não alcançou os padrões excepcionais da classificação. Sendo assim, o vinho é deixado por mais tempo nos toneis de grande volume para garantir uma oxidação mais moderada. Alguns são não filtrados. O LBV é engarrafado entre o 4° e o 6° ano. Daí o nome LBV (Late Bottled Vintage). Inicialmente muito encorpados, evoluem muito em complexidade aromática e gustativa. Podem ser guardados por cerca de 10 anos. Com o tempo tornam-se cada vez mais elegantes nos níveis de taninos e dulçor, com equilíbrio alcóolico.
Os mais cobiçados são os Vintage. Um Vintage é produzido apenas em anos excepcionais. São riquíssimos em aromas e sabores. Extremamente frutados e potentes, tornam-se muito complexos e elegantes com a idade. Os Vintage ficam de dois a três anos em grandes tonéis de carvalho e são os que melhor evoluem na garrafa. Normalmente atingem uma boa fase entre 8 e 10 anos, mas podem evoluir de maneira muito positiva por décadas!
Alguns Porto são praticamente desconhecidos: o Tawny Garrafeira e o Ruby Crusted.
Curiosidades sobre o Vinho do Porto
- Não existem Vinhos do Porto monovarietais. Existem na região mais de 115 castas autorizadas para produção. Apesar de atualmente serem usadas em número mais reduzido, é esta diversidade de castas complementares que os faz únicos. As castas podem ser plantadas separadamente, mas costumam ser vindimadas e fermentadas juntas.
- A mistura de uvas brancas e tintas é proibida!
- Os vinhos envelhecidos no Douro são expostos a variações climáticas mais extremas que em Vila Nova de Gaia, onde o clima é mais húmido e temperado.
- Existe um instrumento específico para abrir Vinhos do Porto antigos: a Tenaz. Ela que ‘corta’ o bico da garrafa através de choque térmico.
- O Vinho do Porto é o único vinho a ser servido pessoalmente pelos membros da família real inglesa, e sempre pelo lado esquerdo (lado do coração).
- Em momentos sociais existe um ritual para o serviço do Vinho do Porto. O decanter é sempre colocado à frente do anfitrião. Este se serve, prova e serve o convidado à sua direita e passa o decanter no sentido horário. Cada um se serve e passa ao próximo, sempre de mão em mão, sempre à esquerda (e com a mão esquerda).
Harmonizações com o Vinho do Porto
- Aperitivos como amêndoas torradas, azeitonas e canapés de salmão ficam ótimos com Porto Branco aromático;
- Entradas a base de queijos como de cabra ou cremoso combinam muito com Brancos secos ou extra-secos; Foie-gras e um Tawny 10 anos fica delicioso;
Prato principal não é uma combinação comum para Vinho do Porto, mas pode surpreender. Cuidado para a refeição não ficar muito pesada. Uma opção pode ser perdiz recheada com foie-gras harmonizada com Vintage.
Sobremesas caramelizadas e com frutas secas, laranja e doces a base de ovos ficam muito boas acompanhadas de um Tawny. Frutas vermelhas e pretas em doces como cheesecake ou fondant de chocolate vão muito bem com Ruby. Queijos e chocolates associam-se tanto com tawny envelhecido como com LBV e Vintage.
O Porto é sempre uma ótima opção para momentos de relaxamento. Além disto, os mais elaborados sempre abrilhantam comemorações importantes e momentos especiais.
Temperaturas de consumo do Vinho do Porto
Brancos: 6 a 10°C
Rosé: 4°C
Ruby: 12 a 16°C
Tawny: 12 a 14°C
LBV e Vintage: 16° a 18°C
Tempo sugerido para consumo do Vinho do Porto depois de aberto
Vintage: 2 a 4 dias
LBV: 5 a 10 dias
Ruby: 15 dias (mas podem conservar-se por 3 a 8 semanas)
Tawny: 1 mês (mas podem conservar-se por 3 a 8 semanas)
Tawny com indicação de idade: até 4 meses
Brancos com indicação de idade: até 4 meses
*A aguardente vínica deve ser sempre neutra com cerca de 77% de álcool. Não pode ter nenhum tipo de sabor ou aroma que interfira no resultado final dos Vinhos do Porto.
Até pouco tempo atrás eram permitidas exclusivamente as produzidas em Portugal na região do Minho e devidamente certificadas pelo IVDP (Instituto do Vinho do Porto e Douro). Hoje já existem aguardentes certificadas sendo produzidas na Espanha.